A Fundação

Nossa História
Tudo começou em 1945, com a construção do prédio que hoje abriga a Fundação Itanhanduense de Educação e Cultura Dilza Pinho Nilo. Naquela época, o terreno pertencia à Congregação Religiosa “Associação São Vicente de Paulo”, e a obra destinava-se inicialmente a abrigar a Escola Doméstica Coração Eucarístico, embrião do posterior Colégio Coração Eucarístico, renomada instituição de ensino dirigida e administrada pelas Irmãs da Congregação, tendo como primeira diretora a Irmã Carvalho.
O terreno, ao lado da Santa Casa de Caridade Dr. Rubens Nilo, havia sido adquirido de João Oliveira e Silva e João Paulino da Silva, e foi ampliado com a doação de lote anexo por Lafaiete Gomes Pinto. A pedra fundamental do edifício foi lançada no dia 19 de março de 1945, cabendo o projeto arquitetônico a Benedito Lázaro Ribeiro, o “Seu Bibi”. Durante a construção, as Irmãs contaram com a colaboração e o incentivo do Padre Inácio Jansen Jatobá, então pároco de Itanhandu.
Carinhosamente chamado de “Coleginho”, o Colégio Coração Eucarístico era exclusivamente feminino, passando a ser misto apenas em 1961, e formou várias gerações não só de itanhanduenses, mas também de outras cidades da região. Com os anos, contudo, as dificuldades financeiras cresceram, até que não foi mais possível sustentar a instituição. As Irmãs resolvem, então, alugar a escola para o Sistema Pitágoras de Ensino, de Belo Horizonte, em 1979. Após três anos como Colégio Pitágoras, o Coleginho retornou, por alguns meses, à administração das Irmãs, que decidiram vender o prédio à Prefeitura Municipal. A proposta foi aceita pelo então prefeito José Carlos da Silva Costa.
Em 1985, a municipalidade decide abrigar nesse espaço a Fundação Itanhanduense de Educação, Cultura e Desportos, criada por meio da Lei nº 1027, de 28 de março daquele ano. Em 26 de junho de 1991, por decisão unânime do Conselho de Curadores e publicação do Decreto nº 051-91, na mesma data, a instituição teve seu nome alterado para “Fundação Itanhanduense de Educação e Cultura Dilza Pinho Nilo”, em justa homenagem à destacada escritora itanhanduense. Desde então, mantém sua missão de promover a cultura, a educação e o esporte no município.
O prédio atual preserva grande parte da arquitetura original, como a fachada, assoalhos de madeira e pedra, portas e janelas. A Fundação também mantém em exposição permanente diversas imagens sacras originais do Coleginho, como forma de preservar essa memória e apresentar ao público parte importante da história da comunidade Itanhanduense.

CONSELHOS - ADMINISTRAÇÃO 2025/2028
Conselho Diretor
Edna Villas Boas Scarpa Cavalcanti
Presidente
Marcelo Fernandes Mendes
Vice-Presidente
Eduardo Augusto de Carvalho
Diretor Administrativo-Financeiro
Conselho Curador
Edna Villas Boas Scarpa Cavalcanti
Presidente
Fernanda Hipólita de Oliveira Mendes
Secretária
Francis Mari Ribeiro da Silva Tavares
Helessandra de Cássia da Silva
Cleiton Lucas de Mello
Arenildo de Carvalho
Maria de Lourdes Pinto Braz Scarpa
Claudia Ramelis Contrera Moraes
Suplente
Dirceu Guedes da Cunha
Suplente
Raquel Luiza Guedes
Suplente
Eugênia de Souza
Suplente
Jaqueline Ribeiro Firmino Evangelista Pelegrino
Suplente
Letícia Martuscelli Moraes
Suplente
Luciano Pinho Nilo
Suplente
Conselho Fiscal
Júlio César Leite
Luciana Nilo da Silva Costa
Ramiro Rezende Vilela Neto
Sandra Carvalho Pezzo Ladeira
Suplente
Francisco Ribeiro
Suplente
Débora Cristina Nogueira Leite
Suplente
Galeria
Ex-Presidentes

Allison Agostinho Lopes
1985 a 1988

Evaldo Ribeiro de Barros
1989 a 1992

Carlos Magno Ivo Mendes
1993

Ana Heloísa Ribeiro de Andrade
1994 a 1996

Carlos Alves de Freitas
1997 a 2000

Luciano Pinho Nilo
2001 a 2004

Ettore Cottini Filho
2004 a 2007

Heliana Lúcia Caetano Jacinto
2007 a 2009

Júnior Fraga Bastos
2008 a 2010

Walter Rangel da Silva Junior
2011 a 2013

José Moura Vieira
2013 a 2016

Luiz Eugênio Bustamante Prota
2017 a 2020

Biografia
Dilza Pinho Nilo
Dilza Pinho Nilo nasceu em Itanhandu, Minas Gerais, em 7 de setembro de 1923, no mesmo dia em que o Município conquistou sua emancipação. Articulada e sensível, conjugou sua produção literária com a participação ativa na assistência aos mais carentes. Seu espírito ativo está expresso em uma de suas frases, que exprime o sentimento que rege a Fundação Itanhanduense de Educação e Cultura ‘Dilza Pinho Nilo’: “As coisas andam quando lhes emprestamos alma e vigor, dedicação e amor”.
A produção literária de Dona Dilza, como era carinhosamente conhecida, é marcada pelo lirismo e pela profundidade, refletindo a vida cotidiana das pessoas e as nuances da alma humana e as particularidades de sua amada terra natal. Nela, vida e obra são uma celebração contínua da arte de escrever e da capacidade desta em transformar em universais as experiências pessoais.
“O tempo é um pedaço da vida; com ele fomos brindados e o devemos fazer render em obras, atos e palavras”

Família
Dilza era a filha mais velha de Delphim Pinho Filho e de Dona Zazá (Isaura Rennó Pinho), personagens marcantes da história de Itanhandu. Seu pai, seguindo a tradição familiar, desempenhou papel importante na política local, tendo sido prefeito do município por 15 anos. Sua mãe, dedicada à assistência social, foi presidente da “Associação das Senhoras de Caridade São Vicente de Paulo”. De seu pai, Dilza herdou o espírito conciliador; de sua mãe, a vocação para a caridade. Ambos os traços moldaram profundamente seus textos.
Da união com Rubens de Sousa Nilo, o Dr. Rubens, médico, político e empresário itanhanduense – seu maior incentivador -, nasceram cinco filhos, doze netos e treze bisnetos. Uma vida dedicada à família, à literatura e à ajuda aos mais carentes.
“Pagamos um preço alto pela maternidade. Descontadas as culpas, as alegrias são muito cobradas. Os filhos estão em cada canto de pensamento, em cada minuto, cobrando a culpa do nascimento. Mas a vida prossegue, sendo entregues a outros seres e todos vão sendo atrelados a esta roda de amor e de aflição. Uma palavra, um gesto de carinho, uma rispidez, como tem tanto significado. E o elo se vai tecendo de chegadas e partidas, de tremendas responsabilidades e ternuras.”
Escrita
A paixão pela arte tocou Dona Dilza muito cedo. Precoce, começou a tocar piano aos 4 anos, logo criando suas próprias melodias, a elas acrescentando as letras, criando assim suas canções. Com o tempo, seu talento para a escrita floresceu, levando-a a criar crônicas e poesias, paixão que carregou ao longo da vida.
Sua poesia recebeu elogios de um dos maiores poetas brasileiros, Carlos Drummond de Andrade: “Encantou-me a poesia límpida e comunicativa, cheia de finas observações e emoções diante do cotidiano.” Encanto compartilhado pelo Professor Domingos Paschoal Cegalla: “Abençoadas as mãos que andaram tecendo tão belos versos. Você inscreveu seu nome no rol das mais destacadas poetisas de hoje!”
Deixou uma produção literária que se estende por oito livros, sete dos quais publicados em vida. Entre suas obras, destaca-se “Pássaro de Pedra – Roteiro Lírico de Itanhandu”, uma celebração poética de seu recanto natal, com seus personagens e histórias.

Destacamos a seguir alguns exemplos retirados desses trabalhos, como testemunho do lirismo suave de suas composições:

1. LONGA MARGARIDA - 1965
“O menino está compenetrado, escrevendo uma carta e, de repente, me pergunta se ‘felicidade’ se escreve com c ou com s. Uma estranha emoção me envolve. O seu problema é ingênuo e profundo! Lida, com uma palavrinha, despreocupado e tranquilo, sem suspeitar a sua complexidade, a sua importância.”
2. O VENTO VIROU A ESQUINA - 1972
“Daqui a alguns dias minha filha vai casar. Estou bordando o vestido de casamento. Com ele entrará em sua nova vida.
E é com as contas das minhas tristezas e das minhas alegrias, com a linha do meu cuidado e com as miçangas das minhas emoções, que eu vou tecendo, a cada dia.
Este, no entanto, é um bordado invisível, apenas suspeitado. O que ela ostentará e que todos na igreja verão foi tecido com infinita paciência para adorná-la. Mas a teia caprichosa deste arabesco que venho construindo no coração, nem mesmo lhe poderei oferecer.”


3. JEITO DE AMAR - 1976
“Ponho-me a mim mesma nestas crônicas, que são um pouco do meu cotidiano, embrulho-me nelas para que cheguem como um presente ao coração do outro, esse o meu válido pretexto.”
4. CONVIVÊNCIAS - 1981
” Sutil como uma agulha
que fura a consciência.
O momento existindo sem consequência.
E a esquálida rota se bifurcando, destinos.
O sentido da vida, à flor da pele, doendo.
Palavras apreendidas vagamente, ruínas.
E ser submergindo em si mesmo.”


5. ANJO-HOMEM - 1984
“Mapa
Sou mapa de mim mesma
atravessam-me rios de norte a sul.
Afluentes transitam pela periferia de meu corpo
e cortam-me, com tranquilo desdém
e se entrecruzam com malícia.
Nutrem-me dos elementos que me sabem vitais
com generosidade.
Sangue e água. Sangue e água.
Temos serenidade
e reconhecemos cada solicitação.
Tenho ilhas e mares
furnas e montanhas
tenho cidadelas e solidões
campos, desertos, planícies.
Neste mapa tesouros esquecidos
sonhos que plantei um dia.”
6. PÁSSARO DE PEDRA - ROTEIRO LÍRICO DE ITANHANDU - 1986
“(…)
Em torno da Fazenda da Barra
que se aninhava aos pés da Mantiqueira
banhada pelos rios se cruzando
o Verde e o Passa-Quatro de mãos dadas,
iniciou-se o povoado, a Sede primeira
(…)”


7. PIPAS E PORÕES - 1988
“Ao definir sentimentos ou acomodá-los nos precários compartimentos da alma, vamos, com nossas medidas ou julgamentos, formando a teia de nossas verdades. Temos direitos e deveres. Temos as isenções da liberdade. Temos que assumir nossos próprios riscos. A vida sempre nos cobrando a bravura de viver.”
8. POUSO EM TRÊS TEMPOS - 1991 (Póstumo)
“Se me perguntam como é o amor
eu direi não sei, eu o vivo.
Não sei como dizê-lo, não sei
ele é lei, é o motivo
desta minha vida ataviada.
Eu vivo desse amor, eu sei
que dele me alimento
noite e dia, a cada momento
crescendo, crescendo.
Se me perguntam como é o amor
eu direi apenas, nesse modo sucinto
de dizer as coisas simples: é o que sinto.
Eu, pequena, mas o amor me engrandece
e ele é o meu mundo
que se torna grande, profundo
pelo modo como o enfeitas para mim!”

9. 2ª EDIÇÃO ILUSTRADA PÁSSARO DE PEDRA - ROTEIRO LÍRICO DE ITANHANDU, em comemoração ao Centenário do Município de Itanhandu e da autora
“Testemunha de um pedaço de vida, vou elaborar um passado que vivemos dentro da moldura azulada desta serra.
Partilharemos momentos felizes.
Na dimensão da saudade, os desarmônicos acontecimentos me parecem desnecessários, embora eles, algumas vezes, brotem como cizânias, nos mais pacíficos campos de trigo.
Mas as intenções devem ser sempre compreendidas.
Parece-me que sou, de novo, a menina que um dia, aos quatro anos, pela mão de seu pai, jovem, formoso e idealista, caminhou em busca de um mundo novo, achando-o nas carteiras do Ginásio Sul Mineiro. Vou procurar novamente esse mundo.”
Leia o livro completo aqui.
10. Álbum - Nossas Canções - 2024
“Quem me dera
Que eu mudasse o meu destino
Se tudo que almejo
Fosse um dia só meu.
Eu não quero riqueza
Nem louvor ou grandeza
Só desejo
Um pouquinho de amor.”
Preservando memórias, Luciano Pinho Nilo reuniu as músicas de sua mãe com as suas próprias. Agora, essas canções estão disponíveis em todas as plataformas digitais e em CD físico.
Ouça agora aqui!

Dona Dilza era verdadeiramente um ser humano de rara sensibilidade e profundo amor ao próximo. Felizes foram aqueles que tiveram a oportunidade de conviver com ela. No dia de sua morte, em 04 de junho de 1990, centenas de pessoas humildes de Itanhandu lotaram a Igreja Matriz e seu corpo saiu carregado pelas varredeiras de rua da cidade e por muitas pessoas carentes, por iniciativa única e exclusiva delas, numa reação espontânea que tocou profundamente todos os familiares de Dona Dilza.
Em 26 de junho de 1991, a “Fundação Itanhanduense de Educação, Cultura e Desportos”, por meio de decisão do Conselho de Curadores, oficializada pelo Decreto Municipal nº 51, passou a chamar-se “Fundação Itanhanduense de Educação e Cultura Dilza Pinho Nilo”. Em um dos seus textos, exposto na Fundação, Dona Dilza faz um chamado a todos nós:
“Não sou eu, com meu mísero balbuciar medroso
nem você, com seus pobres sonhos secretos
nem o próximo, ou o vizinho, que desfilam
as suas bandeiras tão esfarrapadas.
Mas somos todos nós, fortalecidos
pelas fraquezas comuns, unificadas.
Pelas carências universais, participadas.
…E as corruptas grades já tão frágeis
cairão ao clamor das correntezas.
E um hino de beleza nos encantará
os ouvidos já cansados
dos inconformados trâmites dessa espera.”
Nas palavras de Dona Dilza, a mensagem que foi entregue na ocasião do seu falecimento:
LEGADO
“Que deixarei de mim
quando for a hora
pois ela sempre chega,
a de ir embora?
Roupas no armário,
que não te servirão
vão para os pobres
sempre servidos
com roupas de segunda mão…
Os sapatos levemente acalcanhados
serão igualmente desdenhados
ninguém usa esses saltos
em que equilibrei pela vida…
Algumas joiazinhas poucas
já nem as usava
nestes tempos de assaltos, de ladrões.
E muito papel!
enchi gavetas
usei tantas letras, canetas
porque tanto escrevi?
De mim o que valeu
foi o amor que senti
os gestos de ninar que segurei
com medo de ousar.
E essa lembrança tão doce
de ter-lhes dado esse pai.
Esse legado
que redime todo meu pecado.”

“Ninguém morre enquanto permanece vivo no coração de alguém.”
*Informações biográficas fornecidas pela professora Cândida Iracema Ribeiro Ovídio – Dona Cândida.





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